Há 20 anos na Brigada Militar, o Tenente-Coronel Newton Roesch Aerts assumiu, pela segunda vez, a direção do hospital da coorporação, o HBM. O mão-de-ferro durante a semana, transforma-se, no fim de tarde da sexta-feira, em um assador contador de piada e amante do iatismo, seu novo hobbie.
Levanta-se todos os dias às 6h30min. Não importa se é terça-feira ou sábado. A essa hora, pode-se encontrá-lo na mesa da sala, tomando chimarrão e vendo a previsão do tempo na internet. A única diferença entre ele e doutor Newton, pai de família, é a farda.
Bigodudo a la Olívio Dutra, ninguém nunca viu seu lábio superior. Poderia ser um típico gaúcho de Cachoeira do Sul – terra onde nasceu-, se não fossem as roupas de temas havaianos e os mocassins que usa ao velejar, em momentos de folga.
Aos 50 anos, sem nenhum cabelo branco, o cirurgião vascular se gaba das filhas que tem. É um dos únicos pais que não se arrepende de não ter tido filhos homens. Isso porque, além do fato de as duas serem “faca na caveira”, como diz, atualmente pode mandar e desmandar nos futuros genros.
No trabalho, o oficial é respeitado e reconhecido por seus feitos: mais de uma vez salvou a vida de algum colega em cirurgias de risco. Em casa, é ovacionado por seus omeletes e tranças feitas para o ballet. Adora sair com a família para comer comida mexicana (japonesa, tailandesa, árabe ou bauru) e dormir no cinema vendo filmes que a esposa escolheu.
É do tipo de pai que sempre participou das festividades da escola. Mas, muitas vezes, o trabalho atrapalhou a permanência total nos eventos. Aí entra o avô materno para representar o doutor Newton: o bigode é o mesmo, só muda a cor e o tamanho da barriga.
Sempre que ele anda, pode-se ouvir o barulho do relógio de pulso, estilo mergulhador, com cronômetro de tempo de submersão. É assim que se sabe que ele está chegando. Nessa hora, esconde-se o presente do dia dos pais, esconde-se os papéis não preenchidos, esconde-se o namorado dentro do banheiro, esconde-se a foto do Coronel em trajes de banho. A única coisa que não se pode disfarçar, é o sorriso ao vê-lo chegar.
quarta-feira, 26 de março de 2008
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3 comentários:
ô seu Niltu véio.
Que exemplo!
Texto da aula do Leonam que eu sei! Ficou tri bom, Bebelão! Pela descrição, teu pai é muito parecido com o meu no jeito de levar a vida. Só tira o bigodão e a altura. Teu pai é muito alto, caraca!
Beijos
Muito bom!
Eu quero ler suas reportagens da aula do Vítor!
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