segunda-feira, 4 de maio de 2009

Descuido.

Talles andava distraído. Não prestava mais atenção, não se fazia mais presente, parecia invisível. Não falava, não dava opinião, não aparecia. Parecia fora de si.
Ela notou.
Chamou ele em um canto e disse:
- Talles, o que tu tens?
- Não sei, professora. Ando meio distraído.
- Talles, acorda pra vida. A gente precisa de ti.
- Pode deixar, professora. Semana que vem eu já tô legal.
Em um trabalho de aula, se formou o grupo "5 e meio". Talles era o meio. Talles não estava lá por completo.
Na saída da aula, ela parou na frente de Talles, ainda sentado na classe, apertou seu rosto com carinho e encostou sua testa na dele.
- Fica conosco, Talles.

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Talles morreu na semana seguinte. Era carona em um acidente de carro em que morreram duas pessoas. Ele, descuidado da vida, desatento, parou de prestar atenção em si.


Na outra segunda-feira, o grupo Meio se apresentou em frente à classe.
E ela chorou. Como em poucas vezes havia feito.

5 comentários:

Thales Barreto disse...

Medo.

Maurício Gadret Levy disse...

Me lembrou aquela música:
"Esse é só o começo do fim da nossa vida, deixa chegar o sonho, prepara uma avenida que a gente vai passar"

Maurício Gadret Levy disse...

relendo me achei meio parecido com o Tales.

Rodrigo Ramos disse...

saci, saci pererê!!!

thales acordou, tha les acordou (nirvanando)

haahahhahahaha

Maurinho disse...

É a segunda vez que leio isso, e que fico profundamente triste. Bom trabalho!